sexta-feira, 26 de junho de 2009

Lua

A Lua estava tão alta no céu.

Ela podia passar horas olhando para a lua; tão grande e prateada, envolta pelas nuvens pretas azuladas como se estivesse se aconchegando num cobertor. E as estrelas? Ah, tão lindas estrelas.

Deu mais um passo para frente, ficando com as pontas dos dedos balançando no vazio. Desejada com todas as forças que Bi não lhe visse agora, ele iria pirar se a visse na pontinha de precipício, que era tão alto que as árvores era pequeninhas como formigas lá embaixo.

Ela olhou para cima de novo, desejando poder se aconchegar naqueles cobertores escuros e assistir a vida aqui na Terra, como a lua estava fazendo agora.

Fechou os olhos e abriu os braços.

E quando os abriu de novo, a lua parecia mais perto e as árvores pareciam ainda mais pequenas, abriu as asas, grandes e escamosas e balançou a calda para se equilibrar. Tirou as garras da ponta do precipício e se apoiou nos pés traseiros. Deu impulso para cima.

E então ela estava voando.

Voando tão alto como a linda lua lá no céu e tão brilhante quanto as travessas estrelas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Presa

Presa em um tipo pior de prisão, daqueles que você não pode sair depois que cumprir sua pena.
Daquelas que você não sabe em que direção é a saída ou a luz no fim do túnel, em que cada filme é uma lembrança de onde você não está e do que você não é, em que cada livro em um sonho que você não vai viver, que cada palavra é um sentimento confuso que quando postas juntas formam uma coisa estranha que não é um poema nem um texto apenas um arranjo que ninguém entende.
Presa no que as pessoas acham que conhecem, no que elas pensam de você. Presa nos deveres que você não quer cumprir, no mundo que você não escolheu, com pessoas que você nunca mais quer ver.
Em um lugar opressivo que parece te por para baixo.
Desejando que sua vida fosse diferente mas que quando muda, você não se dá por satisfeita porque não sabe o que pedir.