domingo, 2 de maio de 2010

Ligando pontos.

De novo, quando o Artur passou, eu me escondi. No banheiro dessa vez. E, ainda bem, não teve nenhum outro acidente envolvendo um bebedouro ou um projeto de artes.

Lá estava ele, dando em cima de duas meninas.

Se elas soubessem quem ele era de verdade, saíram correndo.

Mas só eu vi os sinais! Só eu liguei os pontos!

O aluno novo é um bruxo! Um bruxo do mal.

“E HOJE, eu VOU falar com ele.” Pensei olhando para a casa dele. “Eu vou... ops”

- Oi. – Disse o Artur.

Só consegui ficar lá com a boca aberta.

Ele ergueu a sobrancelha. Dava até pra ver ele pensando que eu era idiota. – Olha, esse
negócio de você ficar me seguindo tá me irritando. Eu não sei se já te contaram, mas seguir os garotos que você gosta não é legal.

As palavras dele me fizeram acordar. - O QUE? Você acha que eu to gostando de você?

Ele ergueu as duas sobrancelhas. - Quando as garotas te seguem por ai costuma querer dizer isso... Mas a julgar pela sua cara, acho que você é uma exceção.

- Estava te seguindo pra provar que você é um bruxo! – Os olhos dele ficaram do tamanho de pratos. Talvez eu não devesse ter dito isso.

- BRUXO?

- Você acha que eu não reparei? A Eliza te beija e depois tem um ataque e começa espumar pela boca, o Guilherme zoa do seu cabelo e daí cai da escada!

Ele corou. – Tenho que admitir que gostei do que aconteceu com ele...

- HÁ! – Eu falei apontando o dedo na cara dele.

Ele segurou meu dedo, agora bem sério. -... Mas eu não sou bruxo, e também não o empurrei da escada. E pessoas com anorexia não devem beber vodka...

- Anorexia? A Eliza? – Todo mundo reparou que a Eliza estava magra demais, mas anorexia?

- É.

- E o resto?

- Que resto?

- Você mora com seu tio!

- Vim morar com ele porque meus pais acharam empregos novos em uma cidade super chata!
Eu ia morrer de tédio!

Quer brigar né, bruxinho? – Você mora numa casa que tem fama de ser mal assombrada!

- FAMA de mal assombrada.

- Sua mãe nasceu em Salém.

- Salém é uma cidade normal hoje em dia, sabia? E a minha mãe se mudou pro Brasil quando
era pequena.

- Você tem um gato preto chamado Morgana!

Ele corou. – É, Morgana é bem nome de bruxo mesmo. Achei ela na rua e pensei em bruxos quando vi que ela era toda preta, daí escolhi um nome para combinar.

Foi a minha vez de corar. – Ah. Faz sentido.

- Ótimo. Agora que resolvemos tudo, pode PARAR de me seguir?

Fiquei mais vermelha. – Prometo. E... Será que dá pra soltar minha mão?

Ele ainda não tinha soltado meu dedo.

Mas em vez de soltar, ele sorriu e disse. – Você é a garota mais estranha que eu já conheci, mas é engraçada. Quer tal um sorvete?

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